1
Você sabe
O amor pede sangue
E sangue dá força
Ela será sua como seu próprio sangue
Derrame-o
(“Ave Maria cheia de graça
Bendita sois vós entre as mulheres
Bendito é o fruto do vosso ventre Jesus”)
Sangue de Cristo, o sangue do mundo
Não o sangrou o próprio deus num cálice de vinho?
Magia e sina dos vencidos
O sangue que corre nas suas veias
No céu, na terra
Nas artérias do coração
(“Santa Maria mãe de Deus
Rogai por nós pecadores
Agora e na hora de nossa morte”)
Amém
Deus salve esses gatinhos egípcios a me fazerem companhia
2
Perguntei ao sultão, pois muito bem, perguntei o quanto lhe custara aquele lindo jogo de xadrez.
– Oh, não me custou nada, eu não ligo para comprar senão um bom livro, por quanto custar – ele me respondeu, cheio de si, e concluiu sem hesitar:
– Eu crio e compartilho, amigo, e o céu tudo proverá!
De fato, aquele pequeno e precioso aparelho fora um presente. Peões pretos de ébano, peões brancos de marfim, um rei não precisa se preocupar.
– Foi o meu amor – disse o meu sultão, com um brilho no olhar. – Ele o havia comprado para si, mas resolveu-mo dar, na verdade, ele nem gosta de jogar!
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Herói
Aqui está o herói. Basta dessa conversa de maldição e obsessores. Desse horror de noites frenéticas e de tardes melancólicas devastadoras. Segurei o destino pelos chifres: – Belzebu! Pisei-o, chutei-o no olho e nas virilhas. Depois cuspi na cara dele. Belzebu. Já era. Dei um pulo e saí voando, com a minha capa azul inflamada.
Proteção
Dafoe, 'A Última Tentação de Cristo'
Então. Nesses brancos obsessivos em que eu não sou mais eu, assaltado que fora por algum espírito petulante e desalmado, nesses momentos – às vezes horas seguidas – eu devo estar me conduzindo por um sopro de vida, que é deus, ainda, eu creio, em meu coração, e que me leva ao acaso pros braços de N. Senhora.
Caveira
Isso que está acontecendo comigo, como explicar? Apagão da memória, mas o que é isso? O que foi que eu fiz das 4h às 6h da tarde, que louco, não lembro nada. Meu cabeleireiro diz que o exu baixou. Começo a acreditar nele. Exu baixou e tomou conta. Uma hora estou bebendo com os amigos, o exu vem e eu não sei mais de nada. Não sei quem toma conta deste corpo – não sou eu. Da última vez, falava inglês fluentemente, e eu não falo o inglês assim tão bem. Nem me lembro disso: eu sonhei, tento voltar ao corpo, mas ali está ele, possuído: não sou eu.
Um amigo disse que fico “agressiva” – assim, possuída. Que coisa. Pombagira! Vou ver o que os caboclos têm a dizer. E o analista, cruz credo!
sábado, 31 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
A Maré (E a Morte! O Amor...)
1
Foi pura sorte. E esse consorte
“Realista”
Tanto faz – sou um homem honrado
(Pois não ficou apaixonado?) Justo
2
Meu amor do tipo múltiplo – E índio
(Asteca!) – E unilateral...
Mais solidário impossível
E, claro, eu adoro – Cerebral
“Amor, Palavra Prostituta” (1)
3
Eu discuto, discuto mesmo
– Persigo, oras
Podia ter comprado (boto pra foder)
“O Amor é Fodido” (2)
4
Pertinho do inferno
É frio aqui, o meu resfriado
– Era mais frio com você
Pertinho do céu
Oh, e o diabo?
5
Inverno no hemisfério
As noites de Verão no Inverno...
Eu espero, “como se fora brincadeira de roda” (3)
– Okay, preciso dele por perto
Desculpe
Deserto
Preciso de você neste Inverno
(1) Maceió, 1983, império dos sentidos
(2) Lisboa, 1987, até hoje...
(3) Pura nostalgia, São Paulo, esta madrugada
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O amor – “sexo”, dissesse Rimbaud – é fundamental. Então não procure aqui alquimia pra salvação da pátria ou – como queria o Augusto Boal – o ensaio da Revolução. Nada disso, compromisso unicamente com a terra (a carne) e o céu (espírito). Se há mesmo um compromisso, ele acontece com a carne e o espírito, ou com a terra e o céu. Estamos todos envolvidos nisso, mas o homem – eu, você – está sozinho...
Pindorama Brasil
Gravitat
Pulsilânime
Mortífera
De vera
Realitat
A terra é espírito condensado ao ponto da matéria. Eu tento imitar Mário de Andrade, Rimbaud, Santo Agostinho – e Patti Smith, Clarice Lispector, João Silvério Trevisan na obra infalível “Devassos no Paraíso”. Imito Roberto Carlos, Arnaldo Baptista, Domingo Fernandes Calabar, faço lá as minhas orações e finalmente largo mão do Materialismo, os ídolos: Virgem Maria e o irascível Thomas Carlyle, pra citar apenas dois que o Melody Maker e o comunista Enver Hoxha não conseguiram eliminar. Texto cifrado pro leitor não iniciado: não entrego de mãos beijadas as sete chaves do meu tesouro – uma ou duas eu entrego, três ou, quando muito, quatro. É o fim da arte moderna, isso é óbvio.
Danosa
Ziggy Soundz, na Lôca (SP), 2000
Sou uma pessoa perigosa
Difícil de lidar
Sou aquela figura que certas pessoas
Quando se deparam
Desviam o olhar
Sou assim, quase repulsivo
Como uma doença vulgar
Dengue, gripe suína, estafilococos
Sou mesmo de matar
Assombroso, cansativo
Mordaz
Incompreensível
Irracional, demente
Fatal
Sou quase uma aberração da Natureza
(Ao menos da natureza social)
Excluído e maldito
Desequilibrado
Quando você me olha assim, estranho
(Estranhando) Me sinto mal
Mas o que posso fazer com este meu ser
Lunático e imoral?
Okay, posso pedir perdão a Deus
E me regenerar
Eu faço isso por você, você quer?
Depois que descobri isso, de modo que eu pudesse ver a mim por inteiro, e eu estava vazio ali, então o que ia ver mesmo? Vinha pensando nisso, em como superar meus erros. Um dia chego lá. Mas tinha de chegar rápido – eu não aguentava mais aquilo. Vazio, estou descobrindo sim, coisas novas, novos milagres... A lei da superação, ponha-se de cabeça pra baixo e sacrifique tudo.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Alta
Graças a deus estou curado
Respondo pelos meus pulmões
A última temporada vomitando escarros
Foi péssima
Mas tudo está bem agora
O céu me contemplou outra vez
Minha saliva intragável
Virou puro mel
Vigor pleno
A gangrena no peito desapareceu
Completamente
Respondo pelos meus pulmões
A última temporada vomitando escarros
Foi péssima
Mas tudo está bem agora
O céu me contemplou outra vez
Minha saliva intragável
Virou puro mel
Vigor pleno
A gangrena no peito desapareceu
Completamente
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Poesia Mãe
III
Capa do CD "Trindade", Sampa 2003 (foto de Cláudio Pedroso, arte de Marco Ulgheri)
Um milagre aconteceu: fiz uma boa alquimia
(Preciso me desenvolver socialmente)
(Necessito de amor!) Poxa, mas
Que insistência... Não me culpe, eu quero assim: melhor, entende?
As coisas se fazem e se perfazem
(Amor) O milagre é abrangente! Descritivo, sutil
Justo (Belo emprego afinal)
(Kiss me) I love you!
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Chuva
O que disse o Pai em seu Leito de Morte
terça-feira, 28 de julho de 2009
II
Deus fez a esperança, eu cumpri algumas promessas e fui abrindo caminho. Que sorte, retomei a confiança nos meus princípios e no princípio de tudo, deus, a máquina, redefiniu suas diretrizes (pra mim). Eu estou satisfeito agora que me recompus, graças ao meu bom astral fervoroso e à proteção de Nossa Senhora, louvado seja deus!
I
Coleguinhas: com Fabíola Reipert, nosso último encontro em SP, em 2005. A foto manchou, Fabíola, manda a q vc tem preu postar melhor...
Do livro (inédito) "Versos Cósmicos e Religiosos"
Não, não seremos máquina, apesar da atração, meio máquina que somos, eu e você, que se locupletam no mecanismo. É isso, é o que eu sinto (só por hoje?), faz parte do mistério, sei lá, talvez não, e tudo se acaba. Mas a máquina é deus.
terça-feira, 21 de julho de 2009
No Aguardo
Foto de Patti (by Mapplethorpe) enviada por Moisés
Posso aguardar então
Que você venha
E me arrebate?
E me tome nos braços
E me diga, “eu te amo”?
Posso esperar
Por um dia de sol
E não apenas a lua e a noite
Que você acorde
Um dia, de bom humor
E me diga, “bom dia”
E me beije
E depois, tranquilamente
Se levante e faça um café?
(Assim como quem não quer nada?)
(Como se nada tivesse acontecido?)
Posso? Ah, meu amorzinho
Te adoro
Te quiero
Te espero...
sexta-feira, 3 de julho de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Ok, pode ficar Aí nessa Torre de Vidro
Quando estiver melhor, me procure
Quando descer desse topo de vidro (pode quebrar)
Está bem, eu falo com você
Por enquanto, me deixe aqui embaixo
Não grite comigo, por favor, pare com esse barulho
Já que está aí em cima
Olhe um pouco pro céu, depois
Vem conversar comigo
A torre de vidro, pois muito bem, fique aí
Eu fico aqui, matutando com os meus botões
“Tolinho”
Ei, cuidado pra não escorregar
Olha o tombo – Não caia sobre mim!
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Delicadezas
Pedindo desculpas, tanta abobrinha, ladainha japonesa, ladainha nordestina
Lero-lero, teso
Almofadinha eu não sou, então, diga você, diga você, meu bem
Recuse a abobrinha, peça silêncio: “Dá um tempo, meu filho!”
Eu quero ouvir o Caetano Veloso gozar, “quem”?
É, ele o manhoso, medroso eu não sou
Mentir é pior
Mas você bem que gosta das abobrinhas, só pra dormir comigo
E ainda tenho de cantar você, eu converso
Eu converso muito, não é uma cantada: “Diálogos”
– Psiu, eu quero ouvir o Caetano gozar de novo
Heloísa, a letal banal mulher de Abelardo
A diferença entre você e ele
É que você não é castrado
Nem eu sou uma monja
O capelão se despediu:
“Adeus, meu bom padre, rogai ao Senhor por mim”
(Num-Sex-Monk-Rock) Eu estava azul de sede
Teso, tonto de paixão
“Adeus, capelão, vou-me casar com Dulcinéia”
Ou com Lucrécia, deus do céu, que abismo!
E eu que pensava em ir pro céu...
Abelardo, Abelardo, Abelardo!
– Se nem casei, como posso estar viúva?
– E se casei, como sou virgem ainda?
(A vida sem dor, sem amor de carne e osso)
Abelardo, Abelardo, deixa eu lhe pôr um pau de plástico
Uma prótese, um membro postiço
Um mundo substituto de gozo e torpor
(Já não quer sentir dor?)
(Nem por amor? Nem pelo frescor da juventude?)
Eu tenho a droga (Aspirina)
Vaselina e a boa medicina
Vem assim, meu amado, drogado, humilhado
Maltratado pelo tempo (E pelo espaço)
Vem no vácuo (E no todo)
Vem fogoso (Ardoroso)
Amoroso, meu potro manhoso
Meu fogo eterno, meu inferno
Meu célebre discreto ardiloso
Homem concreto (de ferro)
Soco direto no estômago (No saco, no âmago)
(Na cama conjugal) Celestial até
Mas não esquece: não sou mais do que a banal
A letal mulher do Tao
Simpatia pelo Demônio
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Corpus Christi
Inexatamente: a cada passo que dou, mas não pelo fio da calçada e sim à margem da rua, prestes a cair no buraco: é dessa forma que vivo – como se não houvesse um leme, um freio, uma direção. Bem, há uma direção que é deus e por ela me conduzo, alegremente. Assim não caio no buraco, pulo, salto, corro e danço no asfalto, e nos caminhos de terra e várzeas, pelos lagos e rios e pelo ar. No fundo do mar, também, em que me lanço como âncora antiga e pesada, cheia de sinuosidade e de uma maldade preciosa, que é crosta, ferrugem e resistência. Graças a deus, graças a deus estou vivo, mesmo caminhando assim, de sobressalto, turvo, girando em torno de mim mesmo como um peão louco e infantil, fazendo graça, cativando as pessoas e mimando elas, e irritando outras, arrancando a pele de uns em carne viva.
Casamento na Roça
“Quem vai rezar a missa? Você é que vai ser o padre?”, “Ah, você é um pervertido!”, e assim foi a nossa conversa, sobre um casamento na família, e os escândalos – o escândalo é sagrado, às vezes, como a ira de Jesus –, mas agora eu estou casado, ou quase, quer dizer, eu estou firme e forte. Pisando na terra, sentindo a sua quentura doce, a parte molhada e a parte arenosa, as águas de cima abaixo, e depois até a merda é normal, aguente o tranco. Os temporais de Junho, o Santo Antônio e a cheia no pequeno Manguaba perto de casa, os namorados em êxtase, a vida tem sabor de cerveja, e a teia se refazendo, outra vez, o ciclo até acabar, mas eu não me mato. Fui tecendo minha própria rede e o casamento, afinal, o amor, isso recupera e torna um homem mais maduro. Seja o que for.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Aos seus Pés
O que sei é que tenho de pedir perdão, perdão à máquina, e perdão, sobretudo, a minha mãe, o perdão dos meus deuses, ó Ísis, me perdoa! Quando dei por mim, o céu, as estrelas desapareceram: o mundo caiu, acabaram-se as ilusões, doce vida de regalo e prazer.
Tudo o que sempre sonhei: você, aqui, comigo, depois de tanto tempo, eu estou imaginando isso, eu nem o encontrei, nem sei onde ela está. Vida de sacrifícios, vida pacata e tirana, a ordem das coisas, isso não para nunca? Veneno cotidiano, você, de novo, aprisionado ao sexo, suas absurdas diretrizes interiores e exteriores, ah, que sei eu, tudo bem, okay, e lá se vão anos. Tempo de experiência e expectativa, você mesmo, quanto não experimentou? Nem falo de saudade, mas de esquecimento, rejúbilo, o tapa do vento no alto da montanha, pertinho do céu, e o mundo aos seus pés.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Fado
Foto, Vinícius Lopes
Atireis sobre mim os vossos petardos
Que o primeiro certeiro atinja de pronto o meu coração
Lanceis vossa espada a minha fronte
Abrindo meu cérebro
Libertando este meu pressentimento
Depois, saqueardes tudo o que tenho
Pegai minhas flores
Meu torso branco, jogai-os no mato aos caçacos!
Tomeis a minha guitarra: estilhaçai-a, tornai-a frangalho
Boiando no rio, frangalho eu despojado
Das minhas posses
Dos meus cabelos negros
Da minha doce fábula canavieira
Ei-me a vossa frente esperando o balaço
Não demoreis, não vejo a hora de livrar-me dos vossos perjúrios
E da vossa insensatez, cruz credo, como vos dei ouvidos
Eu vos peço, imploro-vos
Abrevieis a minha agonia, ide logo
Ao ponto final: Ai!
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Saga de Angelitus
Trindade: Marco Ulgheri (percussão), Sebage (vocal) e Beto Lefévre (guitar), Café >Piu Piu, SP, 2003, foto: Vidal Cavalcante
Angelitus parou de tocar, congelou o olhar num ponto distante e sentiu um aperto no tornozelo, estava fora de si: seu cérebro queimava vivo no canavial por toda noite. “Chega, Angelitus” – o cérebro sacrificado diariamente, é natural que fique louco.
“Jamais vou esquecer o meu assassinato. Mamãe, ainda viva, e eu morto, aqui, oh, meu fígado assado na pedra numa noite tão fria”. Canibais, canibais! Angelitus, não ligue, depois disso, não vai mais precisar de cérebro.
Trocando o pato pela galinha
Casualmente embriagado e morto de cansado, ausente como quem não quer nada, espiral política dando voltas: verde que te quero verde, verde fogueira e sombras verdejantes: atiro a pedra no rio, ela rebate, atiro outra pedra, meus olhos se iluminam à visão da poça de gasolina no posto em frente, o sol bate na poça, depois na minha retina: reflete nos meus dentes. Guardo na proporção do enigma o seu refolgo e o medo de açougue: o pato no asfalto agoniza, não quero mais: uma galinha, eu lhe digo, é o que me satisfaz.
Primavera
Me leva pelas esferas do disco, pelos riscos
Até o inferno
Vem a Primavera
Eu não quero drama
Mas somente a palavra sincera
terça-feira, 2 de junho de 2009
Início, Oposição ao Início, Realização
'Noite Vazia', Walter Hugo Khoury
Maravilhas da Antiguidade, escritas na pedra e no couro, muita coisa relegada, mas que foi resgatada por um impulso forte e pelos esforços diários e noturnos. Não se esqueça de anotar as noites ruins, solitárias – vazias. Como um filme de Khoury, ou senão dias e noites de sexo cerebral. Ou o não-sexo, que é o que acontece sempre... Mas voltando às histórias do passado remoto, ali estão as causas, as predestinações, o caminho trilhado desde o começo. Nós todos temos um início, um meio e um fim. Eu estou no meio, ou no fim do meio, já que o meio também tem um começo. Na verdade, geralmente, é assim:
1 – Início, e tem início do início, oposição ao início (que é o meio) e fim ou realização do início, do parto aos 30 anos;
2 – Oposição (o meio), compreendendo, também, início da oposição, oposição à oposição e realização ou fim da oposição, dos 30 aos 60;
3 – Realização (fim), dos 60 aos 90, em média, mantendo, igualmente, esse princípio de início, meio e fim.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Noites Felinas
Flyer do show em homenagem a Wanderléia; foto, Cláudio Pedroso
Claudia Wonder transforever: A Lôka, 2002
What to write when all that there is to write is nonsense, but the time for nonsense has just arrived? Moi, ah, c’est ça. La perfecte façon de rien. Quand je bien vu la eternellement jollie de vivre... Tomber... Aber was will ich inswischen euch? Nichts.
(De um jovem funcionário do Comércio Exterior, bêbado no meu apartamento – não sei a tradução do alemão, não traduzo nada, pois).
Silêncio. Silêncio, por favor, sua voz me desconcerta! Eu estou cheio disso, meu ouvido não é penico, pare com isso!
(Ora, os caras não se enxergam aos 25, nem aos 35 ou aos 70, por que eu vou sofrer? Estanquei o meu pranto e parei com isso, parei com a dor, os meus olhos claros, não se trata de indiferença, mas de decência).
Mon amour, um corpo é um corpo, e ilumina. É bom isso, é bom que ele esteja lustrado. O espírito é o espírito, o corpo é o templo do espírito, ah, não venha me dizer...
Na hora do gozo, está bien, está bien, ficamos imunes, ficamos invictos. Você vai embora e não descobre nada, nem eu: eu fico aqui, cego, como sempre. Vazio.
Nomes
Com o meu amigo Moisés, a foto acho que é de Ana Komel (Moisés, confirma!)
Nome de deus, nome dos homens
Todos os homens têm – e deus também
Um nome dos homens de deus no além
Nome do homem que vai pro céu
O nome do ex-diabo: se é que se pode assim deixar de sê-lo
O diabo
Talvez não fosse o diabo, mas o nome
Nome de homem que se foi com o demo
É ele, é ele o diabo?
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Aliança
Santa Rita da Lôka e Angel, Sampa, os anos 1990 (a foto é minha, of course)
Feitos um para o outro. Quero-te amante total sem igual, sem barreira (para o sexo) ou fronteira para o amor: desejando-me, começando a me amar, ó, queira-me, deixa-te seduzir. Amore. Minha luz, minha fortuna, minha cruz, doravante sou-te próprio ao desejo, ao teu apego espontâneo, mas que estranho, estamos com medo? Muito que aprender, considera isto: somos únicos, exclusiva forma de dar e ganhar, casamento raro, sendo assim, desafio a tua esperteza: não sabes nada de mim, mas, vamos aí: É nóis!
As Desgraças do Casal (Conversa de Botequim)
Com Alessandra, no club B.A.S.E., São Paulo, anos 1990
Defendo a dívida do leito
Àquela com quem se dorme e a quem se paga
Uma donzela há de pagar mais de uma vez
Pelo leito em que dormiu
“Se dormiu sozinha fica mais barato”
Glória de quem dorme sozinho
Pois a taxa é mínima
E não paga os desgostos do acasalamento
Vivi assim (acasalado) mais de uma vez, anos a fio
E é o que eu digo
Não vale o que pesa o rescaldo
O troco é baixo
A cama quebra
À Moda Antiga
Com Adriano Lima e João Paulo, participação no show do Alma de Borracha, Teatro Sesi, 2007, foto de Ellyo Rios
Sereníssima paz lembrando desse novo doce amor: talvez ele seja de verdade, sinto-o nos meus sonhos, ao acordar e ao desfalecer quando estou, assim, começando a inventar os personagens e dar a coloração (o tom) das minhas histórias do sono... Você aparece toda vez que cerro os olhos: acho que sei como entrar na sua vida, é o que eu vou fazer: chegar junto e dizer, “eu te amo, eu te quero”.
Tempo, Tempo
Sebage, aos 25, praia do Francês, foto de Vinicius Lopes
Gente como eu antecipava os fatos, ou senão os criava, pois, de imediato, isto aqui é pura imaginação: a possibilidade de construir o mundo, e os exercícios diários do cérebro em rede e o corpo decaindo: isso vale para todos os homens, um menino de 25 anos é, já, a mesma coisa... Então escreva poemas e pense: Antes dos 50 eu conseguirei, mas é uma questão de tempo: agora tenho muitíssimo menos e sei o que posso fazer, e o que não posso mais.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Paixão Nº. 2.365
No Villagio (Bixiga), com Moisés Santana: homenagem aos Secos & Molhados, 1999
Às vezes sou um grosso, mas nunca, nunca com você, jamais baterei em você, esqueça aquela mulher e o passado, vamos juntos pro Rio no Carnaval, do que você pode se queixar?
– Essas noites na paulicéia, atrás de um fruto, de um gajo, de um puto. Música em todos os lugares, à noite, as criaturas de nada, os amigos que eram tudo. Sexo, poesia no hall do teatro: “Um dólar da sorte”. A estrela nua e velha, linda assim tão velha, tão maluca. Te quiero, te quiero, compreendes, te quiero, sin compromissos, no? Ir à missa aos domingos, depois ao bar, às vezes Camões.
Poesia como gotas de sal, as dunas do Ocidente. Trópicos. Role pela areia. “Um dólar pelo seu beijo no meu quarto”, não, não se trata disso. Eu te daria muito mais. (Passion).
terça-feira, 5 de maio de 2009
As Drogas
Ginsberg
As drogas, os cientistas sabem usar, Freud, Timothy Leary, os artistas, melhor policiar. Mas os poetas, caras como Ginsberg, eles têm o poder. Muitos se perdem na loucura ou morrem muito cedo. Norman Mailer sabe, eles todos conhecem de perto: a luz dos olhos de deus! E eu, serei mais forte do que os ricos e os ateus?
Mui Amigos
Em Barretos... Rock sertanejo!
“Onde tiro a roupa?” Olha, por mim, você tira aqui mesmo, é o meu quarto.
E lá estava você, me mirando, de cócoras, de manhãzinha, eu meio dormindo meio acordado, e nenhuma peça havia você tirado.
Não sei por onde valho, mas não me lanço por baixo. Amar é como um jogo de dados, e daí? Só não me desvencilho da honra, do meu humor célebre, ah, como o diabo, como a vaca magra, “eu te amo”.
Yo quiero ficar contigo, você quer, você quer ser meu íntimo amigo?
Quer, quer? Não é uma vaca, nem uma pata, nem é Marta: sonho de Via Láctea, aquarianos.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Balada
Impura, sobretudo insana é a saga de viver, porque às vezes, às vezes você não consegue controlar. Eu pelo menos, e sei que muitos também não, eu não consigo. Péssimo isso, não conseguir se controlar. Uma disciplina, quanto tempo perdi? Os dias de sol, o trabalho, a criação, a geração: pecado.
E aí você fica doente, quebrado. Balada. Varar a noite insano. E você quebra mesmo, se distende, amolece, o espírito adoece: a carne é fraca, apodrece.
Eu estou bem, agora, ressuscitado! Mas precisa ter cuidado. Me sinto tão velho.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
By Ellyo Rios
Envelheci muito rápido aqui, estupidamente. Como isso pode acontecer a uma pessoa, deixar os trogloditas tripudiarem assim? Aqui, os trogloditas, ah, como me dói olhar no espelho e não ver o mesmo cara, um velho tentando viver e se safar, o jeito é fazer uma cirurgia, chame o médico dermatologista e o cirurgião plástico, oh, minhas medidas, até a gordura subiu à cabeça, e ao flanco, limpoma. Bem, o fato é que eu envelheci tanto aqui com essas pessoas, ó taciturno, e feio, feio que dói. Miseráveis putas e viciados, fazem qualquer negócio: eu estou fora, embora estrepado. Mas eu vou sair dessa.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Viajandão
A Supremacia Sebage
E então ele olhou pro alto e descobriu aquele manto estrelado, sem nenhuma nuvem, o pó de estrelas iluminando seus olhos, o tempo e o espaço afinal eram uma coisa só. E eu a 200 mil metros do solo, suspenso nesse azul profundo e brilhante, um céu de estrelas me absorvendo como esponja de luz e calor... A vida, a minha própria vida, o pó dos astros, os seres humanos alguns são feitos de pano, bonecas de renda flutuando no espaço, pontuando, marcando as horas e badalando, ei, volte à Terra, volte!
terça-feira, 31 de março de 2009
Os Bestas
Eu e Rômulo, foto do Ellyo
Bem, mon ami, não vou ficar nesta cama a noite inteira discutindo com você a hora da Besta. Nem vou pleitear migalhas ao pé da cama. Não é bom isso de perder as horas massacrando o coração da Besta. A Besta que você nem sabe o que é, se é você mesmo, se sou eu, e quando vamos parar.
Bem, não estou mais aí pra amargar as horas perdidas, com você encostado à porta, amedrontado pela razão. Não quer se purificar, não quer gozar, não quer mesmo desfrutar os prazeres da vida exceto por aqueles mais mesquinhos... A novela acabou, meu bem, tive as melhores intenções, mas, o que sou eu? Ah, pouco importa agora, a não ser pelo amor que ainda sinto por você, mas perfeitamente administrável. A Besta que se dane.
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