quarta-feira, 25 de março de 2009
Solitude 2
Do livro (inédito) "Versos Cósmicos e Religiosos"
Dou um passo para trás: a cadeia da felicidade, pessoas felizes, pessoas infelizes, momentos felizes, momentos infelizes. Não tenho pressa de nada, veja bem, nunca tive, a solidão que trama a minha vida, está certo, houve casamentos e disfarces, fantasias, mas o que é isso agora, solidão, minha ancestral poesia existencialista, rebelde e primitiva, e o que mais podia eu querer além desta prosa que, afinal, me leva a você?
L’Amour no existe
Truffaut, Jean-Pierre Léaud...
Na penumbra: Escrevo com clareza agora, mesmo quando erro, a caligrafia vai bem, mas do que estávamos falando, ó, a inequívoca arte dos amantes, o cinema de Truffaut! Então ouço a gritaria dos mendigos brincando na rua - me imagino na chuva cantando com eles, ah, o amor, não é assim pueril, tampouco perfeito e profundo como se alardeia, não creio, ele existe, eu sei, de repente, num tiroteio (ou num sorteio)...
O Povo contra o Rato
Um homem disputa a sua casa com um rato: A maconha e todo cigarro e cada pedaço de queijo camuflado na geladeira, a manteiga, grãos – cozidos, crus – do arroz esquecido na mesa, entocado no armário, até as meias e calças: Batalha infernal! Como se ali o infame houvesse deixado rastro: Diabo de afiados molares em tão pequeno horrendo inabalável invasor, ele o vampiro, na monta de roedor, venenoso intruso, ele o sanguessuga, na pele do perigoso visitante, execrável indesejável que me põe neste aviltante estado de horror, ah, inesperado pavor!
Deixo acesa a luz à madrugada, a fria inevitável garoa ou terrífico chuvisco de verão, desprezível solidão, o silêncio do vento, rumores, e a mudança do tempo, entes noturnos dementes a ruminar seus podres dentes, criatura doente eu mesmo, a um passo em falso, a farsa do insolente: As folhas ao relento, os pingos da chuva, o telhado sujo e quebrado, um velho fantasma de vigília e desespero rondando o quarto, eu insone acuado, afeito ao susto, à sombra, à pena de escabroso e ditoso escritor. E assim fez-se o cerco, epílogo de sinistro romanceiro ou lamentoso prenúncio medieval, a renúncia, aliança barroca, histórias caducas de terror e suspense sobrenatural. O herói romântico de meia-idade, interplanetário...
E o bicho astral lendário asqueroso e estranho mito zodiacal, ícone primeiro, fabuloso herói astral pioneiro da antiga roda oriental ou o horóscopo chinês. Criatura indecente, má persona, monstrengo decadente, ó arcaico predador a espreitar os barcos da Transilvânia – o poderoso cantor vomitando baldes na ante-sala... Justiça cruel e luta desigual e vexatória, um homem, a rotatória, o ratinho celerado já a servir-se dos meus cabelos, demônio!
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