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sábado, 16 de julho de 2011

Dialética Cristã

O que foi mesmo que disse o Jesus, em sua peregrinação de volta a Nazaré, que o Pedro ou João chegou junto e observou, “sua mãe está aí’. E Cristo respondeu, “mas eu não tenho mãe” – foi isso que ele disse? E depois quando ele glorioso chegava ao templo em Jerusalém, a igreja cheia de ambulantes no pátio à entrada da sinagoga gritando, “meu profeta”, “minha estrela de Davi”, “minha pedra preciosa”, quanto vale isso? Jesus pegou do chicote ralhando com aquela gente folgada e tratante, “a casa de deus não é uma loja de quinquilharia”, “saiam daqui”, “vão embora, seus miseráveis”, não foi isso? Saiu derrubando tudo, bancas e barracas e comerciantes endemoninhados, louco o Jesus, louco de raiva... Mas ele já tinha uma multidão atrás de si, ouvindo as parábolas – mesmo assim foi crucificado. Quanto mais eu que não tenho retaguarda embora me sinta eu mesmo um cristo. Fui me meter a besta, todo santo e malcriado, me dei mal, acabei jogado no canavial, sangrando, com as pernas quebradas e o orgulho ferido. Só depois, agora, me lembrei dos episódios de ira e frieza na legenda cristã. A indiferença do filho à presença de Maria, pois que ela era uma mãe e ele o filho de deus... A agressividade escandalosa dele diante de todos à entrada do templo, orgulhoso ele – perdeu a paciência, tem horas que nem mesmo o deus aguenta. Mas isso tudo finalmente é pedra cimentada pra mim, resguardo: E tesouro racional de um deus ao outro, a despeito de eu ser apenas uma partícula infinitesimal. Eu me livro do mal com a sabedoria dos deuses e quando o mundo vem abaixo simplesmente respiro fundo e continuo.