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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sangue e Glória

1

Você sabe
O amor pede sangue
E sangue dá força
Ela será sua como seu próprio sangue
Derrame-o

(“Ave Maria cheia de graça
Bendita sois vós entre as mulheres
Bendito é o fruto do vosso ventre Jesus”)

Sangue de Cristo, o sangue do mundo
Não o sangrou o próprio deus num cálice de vinho?
Magia e sina dos vencidos
O sangue que corre nas suas veias
No céu, na terra
Nas artérias do coração

(“Santa Maria mãe de Deus
Rogai por nós pecadores
Agora e na hora de nossa morte”)

Amém
Deus salve esses gatinhos egípcios a me fazerem companhia

2

Perguntei ao sultão, pois muito bem, perguntei o quanto lhe custara aquele lindo jogo de xadrez.
– Oh, não me custou nada, eu não ligo para comprar senão um bom livro, por quanto custar – ele me respondeu, cheio de si, e concluiu sem hesitar:
– Eu crio e compartilho, amigo, e o céu tudo proverá!
De fato, aquele pequeno e precioso aparelho fora um presente. Peões pretos de ébano, peões brancos de marfim, um rei não precisa se preocupar.
– Foi o meu amor – disse o meu sultão, com um brilho no olhar. – Ele o havia comprado para si, mas resolveu-mo dar, na verdade, ele nem gosta de jogar!