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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Elas me enlaçaram

A caça, não deixo rastro, mas afinal me enlaço. Elas me enlaçaram num cadafalso. – Ei, por que fui me lembrar disso agora? A morte me pedindo a cabeça, ali, estrangulada. Não tenha medo, é apenas um jogo de cintura, começar pela morte, entende, bem, vamos lá: O sol se punha, estávamos naquele momento dramático de fim de tarde, o luscofusco, a luz se indo, intensos raios acobreados, derradeiros, iluminando a paisagem funesta. O sol magnetizava o velho patamar e a forca – já consumada. Nessa hora extraordinária, retinha-se então, por força da luz, a vida: Parecíamos vivos! – Não, elas estavam vivas lá embaixo, assistindo a minha agonia... Eu não enxergava, eu estava morto, a cabeça dependurada, ó deus, mas isso é um sonho! (Thank’s my Lord).
Do livro (no prelo) Filmes eróticos e algumas Epifanias
Foto/ João Dionísio Freitas

terça-feira, 1 de novembro de 2016

No Passion

No momento certo voltamos: A nos reunir, como velhos amigos. De outro jeito será (a amizade). Cristalino por fim (o desejo). Agora: A paixão: sem opressões – se tiver a fim. Sem prisões ou pressões íntimas: Negações interiores. De um jeito ou de outro, ambos, vamos nos posicionar. De igual pra igual: Os mesmos ideais, a bossa toda, okay? Sem interesses: Sem conflito de classe. Vaidade apenas casual: Consciente de si e orgulhoso: Mas propriamente equilibrado: Cordial: diálogo normal legítimo não excludente. Esse o sistema. Fora toda conversação um dia: Exigente e rigorosa: deliciosa. Afirmando-se: Nós dois – me pareceu acima do bem e do mal (do que era tudo). Nada artificial: Séria a conversa, contudo simpática: Falação espirituosa. charmosa (sexy): Conquista. Era algo mais honesto e franco pra dizer a verdade. Enfim desencanado: Esquecido do berço colonial: Barroco: universal etecetera e tal. Ganhamos experiências: Tornamo-nos funcionais. Não desperdiçaremos sabedoria no futuro: A autoestima – não a estrague. Inflando-se: Diminuindo-se: culpando-se. Julgando: E muito menos corte a energia: A luz do dia: o brilho lunar. O Mar. A tranquilidade: Duelos entre si anymore. – Jamais, meu rapaz. Experimentamos coisas diferentes, não? Compulsivamente: Ousados: e mortos de saudade. Assim eu espero: Aí a gente faz a festa: a farra. A fala mansa cantada: Burilada: divertida inteligente. Amorosa? Dialética. Leal: Na paz geral, pode ser? Em sincronicidade.
Epílogo
Foto/ Claudio Manoel Duarte Os guerreiros do jogo no ano que vem: Cavaleiros de espadas: eu – e você também (provavelmente). Terá decifrado a charada e conquistado Tebas: Alcançando por bem uma grande fortuna: o mundo, as cartas do tarô, você já caminhou o bastante? Chamados à luta venceremos. Uma coroação sagrada: O rei de espadas. Tornando-se copas: E a rainha de espadas apartada: na guerra sozinha. Buscando: Reconciliação. Com o mundo, com deus, contigo: Renascidos. O julgamento. O dia do juízo final: Reerguidos: regenerados. Ás de copas recuperado: O rei de copas virou paus. Ás criativo: Empreendedor afinal. Um e outro cada qual com uma arte: O ofício: acima do amor. Para além do vício.