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quinta-feira, 18 de março de 2010

O Homem Perfeito


O ideal de um homem, ele bate nas minhas costas. “Não, eu não sou bom pra você.” Desdenhas, não acreditas. Consideremos a poesia e a álgebra, a aritmética das coisas todas, o destino dos heróis. “Eu sei, você não é perfeito. E eu não falei bom, falei ideal.” Compreendia a habilidade dramática do meu interlocutor, minha caça e minha fantasia, na defensiva a me torturar alegremente, e podia, claro, protestar suas desculpas. Limitei-me a sorrir: “Você tem razão”.

Era o começo e já o fim? Ou havíamos de ter esperança, ao menos para o homem perfeito? Ou não enxerguei nada quando pensei, “ele é perfeito”? Ah, perfeito pra quê num mundo imperfeito. Não escrevo o que se espera de mim, eu escrevo pelo desalinho, ao inverso: o que interessa é que, embora estranho, é ao mesmo tempo natural, tão natural que simplesmente escrevo, bem, eu tenho essa esperança porque esta noite, sim, eu sei, esta noite foi exatamente a primeira. E isso é tudo, mas quem disse que eu quero mais?

Dever do Soldado

O show 'jesuítas no Paraíso', foto do Vidal, tô parecendo um Coringa né







Artifícios celestes me lançam a ti, numa bandeja,
de mão beijada, mas eis o que farei: afasto-me!

Antes de me perder nos assombros de mim mesmo, envolvendo paixão. Não que eu seja mal, tu também não o és: vou-me embora, é meu dever de soldado.

E o que farás? Uma palavra não me enrola, o silêncio não me apavora, mas a tua ausência... Se te demoras, não vejo a hora, afinal, não voltarás?

Fico pensando, isso não é louco? Tanta saudade quando vais, mas pra onde?

O dever do soldado é amar seu conjugado, se estão juntos na guerra. Vá, quero que vá, eu vou ficar aqui: esperando.

Mulheres no Laço (no dia internacional da mulher)

Entrevistando o que se fez mulher: Roberta Close
















Mulheres falam muito e amam demais
Mulheres colhem frutos de seus ideais
São loucas, são fofas, atrevidas e tais
Aquela ali nunca se satisfaz...
Mulheres legais, banais e fatais
Agora elas estão aqui, todas juntas
Dá pra acreditar?

Paixão 1 Milhão


Amigas dançarinas Luíza e Ágata, do show 'jesuítas no Paraíso', São Paulo, 2001, foto by Pedroso



Eu queria ficar com ele, com a exatidão desse nada que já é o presente no futuro, nesse jeito dele sentar e conversar, tomando cerveja, comendo um arrumadinho. Enfim, falou: “Eu dou conselho a você, Sebage”. Mas eu não ouço né, continuo velejando, desmantelado e sem juízo, por mares nunca dantes navegados. Será? Bem, as coisas não andam muito normal, mas então, voltando aquele assunto, quando, quando vamos ficar juntos? Um dia, Sebage, quem sabe isso aqui não seja cozinha, preparo, escola, ordálio, a maneira mesmo como se dão as coisas. Eu fico olhando pra ele: eu o quero, preciso fazer sacrifícios, jogar a rede, jogar peixe podre no mar. Depois voltar ao começo e abrir meu coração. Pra ele. Pra ele ver que é de verdade e que eu não estou de brincadeira, que eu quero ficar com ele. Até que ele arrume outra e se case e fique velho e eu, morra.