Páginas

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Homem Perfeito


O ideal de um homem, ele bate nas minhas costas. “Não, eu não sou bom pra você.” Desdenhas, não acreditas. Consideremos a poesia e a álgebra, a aritmética das coisas todas, o destino dos heróis. “Eu sei, você não é perfeito. E eu não falei bom, falei ideal.” Compreendia a habilidade dramática do meu interlocutor, minha caça e minha fantasia, na defensiva a me torturar alegremente, e podia, claro, protestar suas desculpas. Limitei-me a sorrir: “Você tem razão”.

Era o começo e já o fim? Ou havíamos de ter esperança, ao menos para o homem perfeito? Ou não enxerguei nada quando pensei, “ele é perfeito”? Ah, perfeito pra quê num mundo imperfeito. Não escrevo o que se espera de mim, eu escrevo pelo desalinho, ao inverso: o que interessa é que, embora estranho, é ao mesmo tempo natural, tão natural que simplesmente escrevo, bem, eu tenho essa esperança porque esta noite, sim, eu sei, esta noite foi exatamente a primeira. E isso é tudo, mas quem disse que eu quero mais?

Nenhum comentário: