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domingo, 6 de março de 2011

(4) Corpus Christi


Inexatamente, a cada passo que dou, não pelo fio da calçada e sim à margem da rua, prestes a cair no buraco. É dessa forma que vivo, como se não houvesse um leme, um freio, uma direção: Há uma direção que é deus e por ela me conduzo alegremente: assim não caio no buraco, pulo, salto, corro e danço no asfalto. E por esses caminhos de terra, várzeas e rios e lagos: E pelo ar, no fundo do mar também em que me lanço como âncora antiga e pesada, cheia de sinuosidade: e de uma maldade preciosa que é crosta, ferrugem e resistência. Graças a deus, graças a deus estou vivo, mesmo caminhando assim de sobressalto, turvo, girando em torno de si mesmo como um peão louco e infantil, fazendo graça, cativando as pessoas e mimando elas: E irritando outras, arrancando a pele de uns em carne viva.

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