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terça-feira, 20 de julho de 2010

Os Coelhos de Lena (Rumo à Essênia ou Joguei Metade de Mim no Lixo)


Ian Astbury é deus: The Cult, no Olympia, São Paulo, foto by Gustavo Lourenção
















Atirei a pedra no rio e veio aquela sensação
De vertigem – vertigem total
De velhice estrangulada pela quimera do tempo
Alcei vôos inacreditáveis
Na encruzilhada dos dias marcados
Pela velocidade do vento batendo na cara

Somente quando estava jogado entre as pedras
É que descobri a estupidez disso tudo
Como os dissabores caindo aos trancos e barrancos
Das portas fechadas e da crueldade
Empertigada no fígado... Assim, pois não
Joguei metade de mim no lixo

Por favor, me deixe em paz, as minhas vísceras disjuntas
Me deixe aqui, caçando
Os coelhos de Lena – rumo à Essênia
(A gente religiosa) Vamos rezar, por deus, vamos rezar
Depois, quando não restarem poemas nem emblemas
Entramos em cena outra vez

E pedras rolem sobre o meu cadáver... Assim, pois não
Os mosquitos da gruta colados na pele defunta
Minha vida toda esse alarido de gritos – já não dá mais certo
Coitado de mim... E dos coelhos de Lena
Joguei-os também no lixo...
No final, pouco se aproveitava mesmo

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